Há uma racionalidade na fé que me apazigua, me concede sossego. Tranquiliza-me pensar em Deus e pensar sobre Deus.
Comecei a acreditar porque me mostraram o caminho, mas só passei a confiar quando consegui entender Deus pelas minhas próprias palavras. E de uma forma brilhante, Deus mostrou-se para mim. Não brilhante no sentido de luminosidade, mas de modo genial. Como se a forma como eu O fui descobrindo, tivesse contornos de perfeição. De tal modo, que ainda hoje não encontro uma falha.
Todavia, após este deslumbramento, fui assaltado por uma constatação brutal que, me deixou arrasado: quanto mais Deus fazia sentido para mim, mais sozinho me comecei a sentir.
Acho que finalmente perdi aquela concepção de amigo invisível que nos ajuda quando precisamos. Julgo que o processo de isentar a minha fé de sentimentos,de forma a torná-la objectiva, clara e definida, me conduziu a uma noite escura.
Pelo que li, vários santos relataram esta noite escura nas suas vidas, onde a sua fé vacilou antes de confiarem plenamente. Pessoalmente, não creio que a minha fé tenha vacilado. Afinal, continuo a encontrar apenas perfeição em tudo e continuo a encará-lo nos meus dias como antes. Só não tenho a certeza se é este o Deus que eu preciso:
- um Deus que não me trata de forma especial por amá-Lo e tentar seguí-Lo;
- um Deus que não me livra das dificuldades e das provações;
- um Deus com o qual não consigo comunicar, por não ter a certeza que linguagem usar;
Concedo que Ele me deu tudo quanto Lhe pedi. Mas o que recebi veio acondicionado numa realidade dura e brutal. Expôs as minhas fraquezas, exaltou as minha dúvidas, baixou a minha auto-estima e auto-confiança e deixou-me preocupado com o futuro.
Espero que alvorada venha rapidamente. A noite já vai longa e a esperança começa a rarear.
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