Toda a gente tem o direito a ter uma opinião. Mas a importância de uma opinião é directamente proporcional ao grau de informação que se possui sobre o que se opina. Por isso, a minha opinião sobre a teoria dos buracos negros ou sobre o estatuto do médico é pouco melhor que insignificante.
É por isso, que sinto uma lufada de ar fresco quando vejo alguém a opinar sobre Deus, com uma ideia completamente oposta, mas sabe do que está a falar e sabe porque tem aquela opinião.
Na altura, desvalorizei e não me apercebi do alcance do que ele estava a dizer, pois a argumentação dele baseava-se numa premissa errónea. Contudo, hoje atingiu-me, com a mágoa de quem percebeu que está enganado, a verdade das palavras daquela pessoa.
Posso resumir grosseiramente a: "eu não acredito em Deus. Deus não existe, só que as pessoas tendem a acreditar porque é mais fácil suportar viver sabendo que há uma entidade que garantirá o castigo ou a recompensa de alguém que não os teve em vida. Um Deus que vigia as acções das pessoas em todo o instante, qual polícia cujo papel é fazer cumprir a lei. Acreditam para dar sentido à injustiça."
É óbvio que Deus não é polícia e que a fé da Igreja se distancia grandemente dessa ideia. De tal maneira que é vulgarmente vista como injusta: um Deus que acolhe bons e mais, justos e pecadores. A fé católica é difícil e incómoda. Portanto, não é por comodidade que acredito em Deus. Foi este o motivo que me levou a desvalorizar a opinião aquela pessoa: "ele não sabe do que está a falar, logo, a opinião dele é irrelevante. É só mais um a falar do que não sabe".
Mas mudei completamente de opinião quando percebi que ele sabia muito bem do que estava a falar. E magoou-me relembrar-me que existem, de facto, muitas pessoas que se dizem católicas praticantes a acreditar num Deus justiceiro. Mais me magoou questionar-me se esse será o principal pilar da fé dessas pessoas. E triste fiquei, quando passei a concordar com ele.
Para uma parte da população, a fé é um escape irracional à realidade. E é verdadeiramente estranho constatar isto, quando se pretende que seja precisamente o oposto: uma entrega decidida à realidade.
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