segunda-feira, 2 de maio de 2011

O católico fixe

Recentemente descobri que existe uma nova categoria de católico.
Toda a gente fala do católico praticante e do católico não praticante.

Acho mais interessante falar do católico fixe (aka católico independente)

E porque é que ele é um católico fixe? Porque embora dê ares de filiação à Igreja Católica Apostólica Romana, rebatendo alguns comentários e opiniões obtusos e salientado o que de melhor ela tem (a obra social), desmarca-se dela em assuntos que não concorda, nem põe a mão no fogo para não alimentar polémicas. Vai à missa quando quer porque sente necessidade. E é agraciado por epítetos como "gosto de falar contigo porque tens opiniões próprias", "não és obtuso", "deviam haver mais como tu".
Desmarca-se do comum dos católicos por ter conhecimentos substanciais sobre doutrina e até alguma coisa sobre direito canónico, e saber tanto argumentar porque concorda ou porque discorda.

Na minha opinião, há por aí uma grande quantidade de católicos fixes. Pessoalmente prefiro-os aos não praticantes e até mesmo a alguns praticantes. Em bem da verdade, prefiro um sim ou um não, a um se calhar. Prefiro que alguém participe e bata com a mão no peito, a alguém que só bate com a mão no peito porque faz parte do ritual. Prefiro quem escuta a palavra de Deus, a quem só pensa "é sempre a mesma coisa". Prefiro quem se empenha em favor de quem precisa, não importa quanta dose de rebeldia, a todos os que passam a vida a acenar que sim mas só levantam o rabo do assento para compor a maquilhagem.

E tu, és um católico fixe, ou um católico que veste a camisola (ou melhor dizendo, despe a camisola - para partilhar com quem tem frio) não importa o que digam da Igreja?

6 comentários:

  1. Apenas com carácter construtivo,

    Julgo que prefiro ser só católico praticante, no verdadeiro sentido da palavra.

    Cumprimentos

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  2. O problema é que o verdadeiro sentido de católico praticante é pura e simplesmente, o católico que vai à missa regularmente.
    Faz-me lembrar o termo apocalipse. Por mais que eu queira que ele signifique simplesmente "revelação", gramaticalmente é sinónimo de "fim dos tempos" ou "catástrofe".

    Seja como for e, também construtivamente falando, - fico contente por ter mais que 5 leitores :) - que significa, e passo a citar, "praticante, no verdadeiro sentido da palavra"? Se tentássemos reinventar o seu significado, íamos meter-nos no cabo dos trabalhos: seriam as pessoas que além de irem à missa, ajudam o próximo? Ok, vamos concretizar: ajudar como e quem? Com que frequência? E os contemplativos? Não se pode dizer que eles andem por aí a ajudar...

    Finalmente (e agora vou ser um pouco agressivo), um católico praticante, no seu verdadeiro sentido, em que a prática é agir à imagem de Cristo, é um santo. Tu és santo?

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  3. "Vai à missa quando quer porque sente necessidade." O Católico vai todos os Domingos à Missa, só assim é que se pode considerar católico.

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  4. Boa Noite,

    Aparentemente escolhi mal a palavras. Reformulo então: Julgo que prefiro tentar ser católico praticante, no verdadeiro sentido da palavra.

    Na minha opinião (que vale o que vale), católico praticante, ou Cristão praticante, (porque não estamos aqui a discutir semântica), é aquele que vive sempre intensamente Cristo. Sendo claro que, um dos pontos inerentes a essa forma de viver é ajudar o próximo. (Até porque Ele próprio nos pediu isso.)

    Respondendo às tuas questões...
    "ajudar como?" - de todas as formas que julgues humanamente possíveis.
    "quem?" - todos e cada um que viverem a teu lado.
    "com que frequência?" - sempre!

    ...Contemplativos?!?... julgo não ser lá grande opção!

    Concordo quando dizes: "um católico praticante, no seu verdadeiro sentido, em que a prática é agir à imagem de Cristo, é um santo."

    Sou santo? - Não.
    Mas o que Ele nos pede, não é com certeza uma atitude passiva e contemplativa, apenas porque realmente tentar ser um Cristão praticante custa e é difícil.

    Não deveria ser O teu objectivo de vida ser um cristão praticante no verdadeiro sentido da palavra?
    O meu é.

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  5. Posso saber quem és? Conhecemo-nos?

    Caro anónimo, agradeço a tua resposta e quero dizer-te que apreciei a subtileza com que reformulaste. Dentro daquilo que quiseste transmitir, fica muito mais correcto.

    Mas como referi anteriormente, o que disseste não passa de uma humilde definição de Cristão ou, particularmente, Católico. O adjectivo "praticante" refere-se apenas ao número de crentes que vão regularmente à missa. No entanto, academicamente falando, a tua resposta é perceptível e aceitável no sentido em que dás uma explicação prévia da forma como entendes aquela expressão (independentemente se concordo ou não com ela). Mas a legitimidade de a usares com esse sentido acaba quando finalizares o diálogo com comigo. Um novo interlocutor, implica uma nova explicação. Para mim, a semântica é fundamental, senão, não nos entendemos.

    Posto isto, deves saber que o intuito de se usar um termo tão impreciso e rudimentar, é o de identificar estatisticamente a popularidade do catolicismo. Qualquer tentativa de introduzir outras variáveis seria totalmente subjectiva, pois a única prática comum aos católicos é a participação na Eucaristia. A multiplicidade de dons e carismas que existem, garantem que não há outra medida. O João que gasta as suas noites a ajudar os sem-abrigo e a visitar os presos e os doentes, não é melhor praticante que a Sofia, que é mãe de família, e gasta as suas noites a cuidar dos filhos, arrumar a casa e estar com o seu marido. Já agora, nem que a Joana que integrou o noviciado da ordem Cartuxa, uma congregação católica de contemplação, oração, clausura e vida comunitária. Todos eles, são caminhos de santidade.

    Respondendo à tua pergunta: o meu objectivo é a santidade. E tal pode não passar por ajudar sempre todos os que vivem a meu lado, de todas as formas que julgue humanamente possíveis. Mas se me identifico como católico, passará seguramente pela participação na Eucaristia.
    Espero ter sido claro.

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  6. Só para provar um ponto: repara que quando utilizei o termo católico praticante com um significado distinto, tive o cuidado de acrescentar "em que a prática é agir à imagem de Cristo". Esta é uma prática académica recorrente. É costume ver-se muito disto em teses e dissertações. Chega a ser irritante ver tantos pontos de chamada para comentários, mas eles são fundamentais para saber se estamos, por exemplo, a utilizar a definição clássica de "mão invisivel" do Adam Smith, ou uma mais moderna do Samuelson.

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