- És católico?
- Sim, sou! - digo com orgulho.
- E és praticante?
- Claro - respondo, levantando mais um pouquinho o nariz de orgulho, como me ensinaram na catequese, que não se deve ter receio de mostrar que se é católico.
- E praticas o quê?
- Vólei, na escola!
- E o que significa católico? - insiste.
- Hum... bem... que se vai à missa? - gaguejo.
E agora uma adivinha.
Quantos católicos saberão o que significa católico?
Talvez a mesma percentagem de pessoas que sabem como é que o povo hebreu estando na terra prometida, precisou de ser salvo do Egipto por Moisés.
E atenção, isto não precisa ser matéria de catequese. Revela apenas falta de zelo.
Sou católico apostólico romano. Católico significa universal. Apostólico significa descendente da tradição dos apóstolos e fiel à sua missão. Romano significa que me conservo fiel ao Papa de Roma e a nenhum outro.
Já agora, o povo foi para o Egipto no tempo de Jacob, por via do seu filho José, para fugir à fome. A história é bem bonita. Se não conheces, atreve-te a ler. Aliás, toda a vida de Jacob é, no mínimo, fascinante.
E agora, outra adivinha:
Sabes o que aconteceria se tu, sendo católico, te achasses no direito de interpretar as leituras a teu bel prazer?
Estarias equívocado: serias protestante.
Ninguém está proibido de retirar conhecimentos e fazer interpretações pessoais de passagens bíblicas. Mas agora atenta comigo: Que fazer quando tu e o teu irmão decidem fazer o mesmo exercício e, chegando a uma passagem mais ambígua, ambos retiram um significado mais ou menos válido, mas contraditórios em si?
Ambos que eram cristãos, passaram a ser o Cristão do Reino de Deus e o Cristão dos Santos dos últimos dias.
Mas se a lógica nos diz que, por natureza, a bíblia não é contraditória, como retirar as teimas? Quem terá autoridade para dizer sim ou sopas? Talvez quem recebeu autoridade de Cristo, os apóstolos, ou seja, os bispos. E se mesmo os apóstolos entrarem em contradição? O Papa.
Pessoalmente não gosto nada da adjectivação católico praticante e não praticante.
O diálogo inicial, é um imaginário de mim a interrogar o meu eu com 14 anos de idade.
Já me perguntaram algumas vezes se eu era católico praticante, mas nunca de quê. É uma mágoa que tenho. Mas já tenho a resposta preparada na ponta da língua, para quando se der a efeméride: "de santidade. Mas vou muito no princípio, ainda só passei a uma cadeira, mas pelo menos foi com distinção: a de pecador."
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