quinta-feira, 30 de junho de 2011

Oh mão abençoada!

Há gente que tem uma necessidade tal de substantivar a sua fé, que até a critica protestante às imagens dos santos parece insignificante. Falo obviamente da quantidade incontável de crentes que após se presignarem, beijam a mão. Ou trocando por miúdos, beijam a mão após benzerem-se.

Isto levanta no meu consciente variadíssimas suposições e teorias sobre o que passará pelo pensamento daqueles que o fazem?
- Será que a mão e, por consequência, o braço, que faz o sinal da cruz ganha algum grau de beatitude ou poder que mereça adoração?
- Será que ao fazer o sinal da cruz, se invoca a figura de Cristo e, portanto, "mão que tocou o Senhor, é mão abençoada"?

Porquê estas interrogações? 
Pontos prévios:
1º - É evidente que num contexto não religioso, alguém que beije a sua própria mão carece de alguma acuidade mental, ou perece de narcisismo mórbido.
2º - Postulando que a presignação não traz qualquer significado à mão que a preconizou, deduzem-se as conclusões do ponto anterior.

Ora, a Igreja Católica é categórica: a presignação faz-se para invocação da santíssima trindade para o acto que estamos prestes a fazer ou a terminar de fazer. Significa "vou fazer isto em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" ou "fiz isto em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
Portanto, mesmo em contexto religioso, não há qualquer sigificado no ósculo em análise. O que nos remete, em potência, para a conclusão do primeiro ponto prévio.

Todavia, dada a quantidade de casos que vou observando, essa conclusão seria temerária.

A prudência leva-me à conclusão mais simples: é um hábito enraizado por alguns crentes que se presignam com um terço na mão, após o que, beijam a cruz do terço. Acto que leva a:
- uns fazê-lo por mecanização do acto, mesmo quanto não têm a cruz na mão;
- outros por imitação sem perceberem que os outros levam, ou deveriam levar a cruz.

 No entanto, reservo uma grande parcela, em sobreposição às anteriores, para pura e santa ignorância. 

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