sábado, 19 de março de 2011

A manipulação da opinião pública

Estava aqui a pensar com os meus botões sobre a tensão política que se vive neste momento e o meu pensamento escapou-se para uma memória relacionada com o aborto.
Para quem não sabe, os deputados são normalmente livres de votarem nas tomadas de decisão da Assembleia da República, contudo, os partidos políticos têm uma ferramenta muito útil que lhes permite obrigar todos os deputados da sua cor a votar num determinado sentido.
E foi isso que aconteceu no diploma do aborto. Como o PS tinha a maioria juntamente com os partidos de esquerda, obviamente que foi aprovado com o PSD a votar contra. Mas lembro-me perfeitamente que, ao noticiar esta votação, o canal televisivo salientou o facto de 2 ou 3 deputados do PSD terem votado contra somente por obrigação do partido, já que eram a favor do aborto.
Assaltaram-me logo várias questões. Não haverá nenhum deputado do PS contra o aborto? E havendo esses deputados contra, será que nenhum fez a mesma observação que os do PSD? Isto é, que só votavam a favor, por obrigação?
Pessoalmente, parece-me mais grave uma pessoa sendo contra votar a favor, que sendo a favor vote contra. Logo se é mais grave, mais razões tinha para declarar a sua opinião.
Não conheço suficientemente bem os hábitos do parlamento para tirar ilações, mas as minhas deambulações parecem-me lógicas. Deduzo, portanto, que de ambas as bancadas tenham surgido chamadas de atenção, ao facto de irem votar no sentido contrário à sua opinião por dever partidário.
No entanto, a televisão apenas achou oportuno mostrar que apenas uma minoria votou contra o aborto e, que mesmo dentro dessa minoria, houve pessoas contrariadas.
Se se deu o caso de, efectivamente, não haver ninguém do PS contra o aborto, então os media que me perdoem este comentário, e só posso estar feliz por nunca ter votado neles.

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