quinta-feira, 8 de julho de 2010

Homossexualidade - um ensaio

Não há muito tempo dizia-se que a homossexualidade era um comportamento desviante, com quadro clínico próprio. Tanto quanto o suícidio, a pedofilia, o sadismo, etc...
Actualmente esse diagnóstico foi alterado, para uma simples preferência sexual, ao mesmo nível que um homem pode preferir loiras a ruivas.
Mas há uma coisa que eu não percebo. Se "já" não há qualquer patologia associada à homossexualidade, qual é o papel das hormonas masculinas na minha sexualidade? Não serão elas as responsáveis por perder o fôlego quando vejo uma mulher lindíssima, ou sentir desejo por vislumbrar a nudez de uma mulher e, ao mesmo tempo, ficar indiferente com os mesmos atributos num homem? Logo, não será a falta destas hormonas, ou a inactividade delas, uma patologia?
Ou serão estas minhas sensações e reacções apenas fruto do contexto sociológico? Admito que a repugnância que sinto ao ver dois homens aos beijos seja preconceito social. Mas ao ponto de me quererem fazer acreditar que não há nada de errado com um individuo se sente atraído por alguém do seu género, já me parece propaganda nazi.
Mais ainda se pensar que um acto sexual desta natureza é prejudicial à saúde, pelo menos no caso masculino. Julgo não estar enganado ao afirmar que o sexo anal é prejudicial quando praticado regularmente.
Gostava ainda de não me escudar na naturalidade para argumentar contra a homossexualidade, mas é incontornável. Quer se creia ou não em Deus, é indiscutível a complementaridade entre homem e mulher. De uma relação homossexual nenhum fruto pode ser esperado. É uma relação estéril. Primeiro porque é impossível gerar filhos, crianças, o maior bem da humanidade; segundo, (algo subjectivo e argumentativo, mas sobejamente empírico, parece-me) porque a aproximação emocional entre dois indivíduos do mesmo sexo é de uma substância diferente da de dois indivíduos de género diferente. Normalmente o que num é fortaleza noutro é fraqueza e vice-versa. Por isso, complementam-se. Dentro do mesmo género, a compreensão é a única vantagem intrínseca, pois embora partilhem as mesmas fortalezas, padecem das mesmas fraquezas mentais e físicas.

Posto isto, devo dizer que não sou contra, nem condeno os homossexuais. Mas tão simplesmente a homossexualidade. É o acto que repugna, não a natureza.

Agora sobre a legislação do casamento gay.
O que poderá levar então uma sociedade a legalizar e a atribuir direitos a uma união que aparentemente é prejudicial à saúde (pelo menos para os homens) e que causa aversão a uma parcela da população?
O que poderá ter mudado numa sociedade que durante séculos condenou e marginalizou a homossexualidade?
O que poderá ter levado um Estado a legislar controversamente em nome da discriminação, mas não conferindo qualquer privilégio ou benefício relevante?

Já ouvi várias vezes o argumento da igualdade. Tudo bem. Fiquem lá com a bicicleta. Já me canso de rebater esse argumento.
A minha resposta é simples. Tratou-se apenas de uma operação que maquilhagem, sob pressão de um loby, que serve de porta de entrada com vista a um objectivo maior.
Se a luta era pela igualdade, não vos parece que a discriminação passou a ser ainda mais acentuada, ficando plasmada na legislação?
Qual discriminação? Ora, o casamento em si nada trouxe de relevante à comunidade gay, além de poder ficar com um carimbo no papel. Se eu fosse um puritano gay, ficaria revoltado por me estarem a atirar areia para o olhos. Pois permitem-me ir a uma conservatória assinar uns papéis, mas depois não me permitem adoptar ou ter filhos por via de inseminação artificial ou outras moralmente ainda mais duvidosas. Isso sim, seria igualdade.
O Estado ao não permitir a filiação a um casal homossexual está, por um lado, a espelhar a vontade da sociedade que não admite uma criança criada por dois pais ou duas mães - existe o reconhecimento de um trauma que afecta as crianças criadas sem mãe ou sem uma figura paternal. Em última análise, esta vontade social pode também reflectir uma previsão em que a criança adoptada será alvo da crueldade dos seus colegas, que é própria nas crianças e forma natural de reagir ao que é diferente - e; por outro lado, está a admitir a diferença, a não naturalidade, do casamento gay. Ou dito de outra forma, embora admita o argumento da igualdade, ainda não pode admitir o argumento da liberdade individual pelo facto que poder estar a interferir com a liberdade da criança.

Então porque é que esta lei tão estranha existe? Porque o loby gay sabe perfeitamente que bastam mais uns anos para infundir na consciências dos jovens a imagem de naturalidade na adopção por um casal gay, da inevitabilidade do progresso social e da desigualdade e injustiça existente por tal ainda não ser possível. O bem que faria à quantidade de crianças que estão por adoptar. Passados esses anos, bastará aguardar por um novo governo de esquerda para ressuscitar o debate e voilá. Logo, esta foi uma grande vitória.
Não é difícil deixar-se enganar por este último argumento. Mas eu desafio cada um que acha que há muitas crianças à espera de serem adoptadas, como se vê nos filmes, a inteirar-se sobre a realidade da adopção em Portugal. Garanto que ficaria com uma imagem muito diferente. A lista de espera de casais à espera para adoptar é enorme e antiga. Conheço um casal que, pelas minhas contas, já deve estar há mais de 4 ou 5 anos à espera. E de todas as crianças que estão nos orfanatos e casas de acolhimento, apenas uma percentagem pode ser adoptada, pois muitas ainda têm pais vivos, que por se manterem por perto, vão reclamando o direito de paternidade, embora sem o assumirem.

Adiante,
se o debate social é previsível, devo confessar que fiquei surpreendido pela posição de algumas pessoas católicas.
Desde que os gays não venham reivindicar um casamento religioso, é-lhes indiferente que o façam no civil. Ressalvando apenas a condenação da adopção.
Verificar esta atitude é doloroso para mim. Porque reflecte aquela máxima, completamente contra a mensagem cristã: "deixem-me cá sossegado no meu cantinho. Desde que não me venham importunar está tudo bem." Como é que eu posso defender uma coisa dentro da minha comunidade e depois defender outra lá para fora? Ao defender esta posição, estão a admitir que deve existir uma comunidade católico-religiosa e outra comunidade ateio-civil. Isto é, que devem agir de uma forma quando estão em actividades ou grupo católicos, e agir de outra forma quando não estão. Ou pior, que não se devem responsabilizar pelo que não lhes diz respeito. Por esta via de pensamento, a caridade está por um fio...

Foram muitos pontos de vista. Talvez não brilhantemente expostos, mas acho que reuni todos os meus argumentos sobre esta temática.

Em jeito de conclusão, deixo uma questão no ar, tão despropositada quanto inútil:
Em teoria, admitindo a liberdade individual como bem intocável, como é que um estado que aprova uma lei deste género, bem como o aborto, condena a poligamia? Na minha opinião, os muçulmanos teriam toda legitimidade para exigir a abolição da monogamia. Não encontro quaisquer argumentos sociais contra. Desde que exista mútuo consentimento de todos os envolvidos e sejam maiores de idade... não achas?

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