Compêndio dos meus pensamentos cortantes e ataques mordazes a tudo o que não concordo.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
O Pecado
quinta-feira, 29 de julho de 2010
As impertinências do contexto histórico
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Homossexualidade - um ensaio
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Aborto
quinta-feira, 1 de julho de 2010
A Igreja está pelas horas da morte
quarta-feira, 30 de junho de 2010
E se afinal Deus não existe?
Do mesmo modo, tenho a certeza que cada ateu já se perguntou pelo menos 2 milhões de vezes ao longo da sua vida: e se afinal Deus existe?
Vou contar-te um segredo.
À luz da ciência moderna, o que te parece mais razoável, acreditar ou negar Deus?
Poderás por ventura pensar que face às grandes descobertas científicas, ao modo como o homem se conseguiu tornar o centro da suas próprias vidas e ao modo como consegue responder às suas dúvidas (pelo menos a grande parte delas) sem recorrer a milgres e a divindades, que será mais óbvio negar Deus do que acreditar.
Eis o segredo: é preciso muito mais fé para negar Deus do que para acreditar.
Repara, primeiro é preciso ignorar um aspecto intriseco ao homem, a necessidade de transcendência. A religião organizada é relativamente recente atentendo à idade da humanidade. Mas os relatos empíricos mostram-nos que sempre onde existiu um homem, existiu um culto à divindade, ao transcendente.
Segundo, é preciso ignorar a origem. Dito de outra forma é preciso ter uma fé irracional na ciência. Isto é, de acordo com o paradigma científico actual, sabe-se que o vácuo nada gera. A lei de Laviosier mantém-se actual: nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma. Do nada não pode surgir algo. Logo, para negar Deus é preciso negar a própria ciência, Pois, de onde veio toda a matéria? O que deu inicio ao bigbang? Para negar Deus seria necessário provar-se a autogenese, acreditar na autogenese, e para acreditar na autogenese é preciso negar a ciência. Logo, deduz-se que se não existe autogenese, é imperativo que exista um criador. E é obvio que não é possível acreditar num criador de matéria, sem admitir a sua transcendência, poder e inteligência.
Terceiro, é preciso ignorar as milhões de histórias pessoais de indivíduos que conhecem e conheceram Deus, já para não falar de actos milagrosos. Acreditar que existem e existiram biliões e biliões de pessoas que vivem e viveram enganadas (digo viveram enganadas, e não que tiveram conhecimentos errados, pois até hoje o nosso conhecimento é limitado. Qualquer historiador pode afirmar com toda a certeza que o nosso conhecimento se tornará em breve obsoleto). É preciso ignorar o poder da oração.
Portanto, reforço, é preciso mais fé para negar a existência de Deus do que para acreditar.
Mas este discurso é absolutamente infértil. Não passa de conversa, conversa intelectual e pouco acrescenta à minha vida. O mundo está cheio de pessoas que se renderam a esta evidência. Existe um criador, mas não acreditam na religião.
Não posso condená-los. Talvez apenas recriminá-los por nem sequer tentarem. Talvez apenas recriminar-me por não lhes conseguir mostrar como a minha vida é diferente, com muuuuuuito sabor, por ter fé.
Mas adiante. Passando as questões científicas.
E se Deus não existisse?
Para muitos a questão primordial seria não existir condenação eterna, não existir inferno. Se não há repercussões dos meus actos, desde que me vá conseguindo safar por cá...
Para outros seria não existir recompensa, não existir paraíso. Para quê esforçar-me para ser uma boa pessoa se depois não terei a vida eterna?
Para alguns seria não ter aquele amigo sempre presente. E quem é que ficará sempre comigo quando estou em baixo?
Para estes seria um alívio. Acabou-se o radicalismo, a crendice, a estupidez, a carneirada.
Para aqueles seria indiferente. Nunca fui muito ligado a essas coisas.
Para aqueloutros seria não existir respostas para as questões existenciais: quem sou eu, o que faço aqui, para onde vou.
E para mim?
Se Deus não existisse seria o fim do mundo, o inferno, o desespero.
Como é que posso ser tão trágico?
É assim que seria um mundo sem Deus.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
A relatividade das coisas
Eu já! E o mais engraçado é que para mim, a relatividade não é um teoria, mas sim um facto. A teoria está na forma como Einstein a pensou. Isto é: as teorias pretendem quantificar algo que para nós é, na sua maioria, visível a olho nu. Mas para essa quantificação ele teve que tomar como alicerces, hipóteses à data impossíveis de verificar, embora verosímeis, por exemplo, a supremacia da velocidade da luz no vácuo. Daí apenas ser uma teoria.
Então porque digo que a relatividade é um facto? Porque não estou a falar da teoria mas apenas do conceito. A relatividade é subjectiva e, acima disso, dialéctica. É tão verdadeira e real, tão entranhada no nosso espírito, que muitas vezes me esqueço dela, principalmente contando com quanto me poderia ser útil.
Estava no meu 7º ou 8º ano da escola quando descobri a relatividade. Pensava em voz alta com uns amigos: ''já viram como estes prédios são grandes? Ao pé deles somos, de facto, pequenos. Mas se virmos bem, deve ser exactamente o que uma formiga pensa de nós...''
Na altura senti um frémito de como quem descobriu algum coisa. Não é que me tenha servido de alguma coisa, mas fiquei contente por dar uso à razão. É engraçado raciocinar sobre um assunto que nunca pensámos e chegarmos a algumas conclusões que não conhecíamos.
Mas estou para aqui a divagar. Aquilo que me importa falar sobre a relatividade é como ela me pode tornar uma pessoa melhor.
Primeiro, alguns esclarecimentos.
A relatividade é subjectiva. Como depende da observação, ou em última instância, da imaginação, cada cenário é único para quem observa. Com os meus olhos, a minha educação e os meus preconceitos, relativizo (ou não, que ainda é pior) as coisas à minha maneira.
A relatividade é dialética. Só existe relatividade quando eu consigo discernir ou simplesmente divagar sobre o assunto. Ou seja, quando da observação resulta um conjunto de deduções ou induções para chegar a uma conclusão. Se da observação resulta uma conclusão, estamos na àrea do absolutismo, do preconceito.
Finalmente, tudo será relativo? Já tive algumas conversas de ocasião sobre este assunto. Há quem diga que sim, que nada há neste universo que não seja relativo, pois tudo pode ser relativizado à luz de algo.
Para mim este pensamento é estranho. pois se não existem valores ou ideiais absolutos, comparamos o quê com quê? Claro que na relativização temos que encontrar âncoras a partir das quais comparamos e relativizamos o que pretendemos (como nós os economistas gostamos de chamar et ceteris paribus - e tudo o resto constante). Mas se em momento algum existe um ponto de partida que seja imutável, como posso garantir que a âncora é válida. Aquela âncora já pode ser fruto de um preconceito tal, que nem sequer é aceite pacificamente como âncora por todos.
Enfim, quase tudo pode ser relativizado, mas sem a certeza de algo absoluto na minha vida, corro o risco de não saber para onde devo caminhar.
Referi atrás que acho que a relativização pode e deve servir para me tornar um pessoa melhor, mais conscienciosa do que me rodeia. Mas não basta relativizar, há que fazê-lo (perdoa-me mas tenho que usar dois palavrões) de forma holística e fazendo uso da hermenêutica diatópica. Traduzindo por míudos quer dizer, primeiro, que não devemos tirar conclusões somente com base numa acção, mas sim atender ao todo que conhecemos e ao que podemos desconhecer daquela pessoa; segundo, não olhar para aquela acção somente com os nossos olhos, mas fazer um esforço para conseguir ver com os olhos da pessoa que a realizou.
Por exemplo:
- Facto observado: A pessoa X a bater com um pau na pessoa Y.
Uma conclusão imediata após a observação, levar-me-ia a dizer que a pessoa X quer mal à pessoa Y. Mas se tiver o cuidado de relativizar a acção, surgem uma infinidade de conclusões possíveis:
- O Y é um bandido. O Y magoou o X e este está a defender-se;
- São grandes amigos. Não se trata de um pau, mas de uma brincadeira de carnaval;
- Acidente. O X não viu o Y e acertou-lhe sem querer.
Mas mesmo dentro da conclusão mais verosímil, que o X está a reagir a algo pelo que o Y é responsável, existem muitas possibilidades:
- O X está a reagir mas porque foi induzido em erro, o Y não fez nada;
- O Y portou-se mal e o X está a dar-lhe uma lição, não é um pau é uma régua de madeira...
- O X foi durante muito tempo manietado pelo Y e agora, finalmente, conseguiu libertar-se;
- O Y fez de facto uma maldade, mas foi sem querer, está arrependido e nem sequer se defende;
- ...
Acho que já percebeste onde quero chegar. No fundo estou apenas a apontar razões para evitar um grande flagelo da nossa sociedade: a crítica; o apontar o dedo, o preconceito.
Quem sou eu para criticar algo que desconheço?
Termino com um alerta. Estou convencido que a relatividade pura é um mal da nossa sociedade. Mas se for temperada com valores absolutos como o Bem, a Beleza, o Amor e a Paz, a partir dos quais relativizamos o resto, então é uma ferramenta fundamental para me tornar uma pessoa melhor.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Sobre o amor
A Excepção
sábado, 1 de maio de 2010
Amo porque sim - uma explicação
As crianças, claro! Eu próprio a utilizei vezes sem conta na minha infância. Demonstra precisamente que nem todas as acções carecem de explicação.
É este o espírito que considero que deve comandar todos os gestos de amor. Não preciso de uma causa ou incentivo. Não preciso esperar nada em troca para amar alguém (salvo uma única excepção - vê o próximo post). Mas esta frase compreende mais que isto. Indo ao encontro do verdadeiro espírito de caridade, reflecte sobretudo o carácter imperativo do amor: tenho que amar. Porque tem de ser, mesmo que eu não queira, me apeteça ou custe. Ai de mim se não amar!
Se não preciso de um motivo ou momento, então, amo porque sim!
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Sobre a perfeição
É normal dizer-se que o Homem é imperfeito.
Eu gostava de partilhar esta opinião para poder, com ela, justificar todos os males do mundo, (não é culpa minha, Deus é que me criou imperfeito!) mas não consigo. Pois se acreditasse nela, estaria a contradizer imediatamente o primeiro capítulo dos Génesis que relata que após ter criado o homem e a mulher, Deus viu que tudo era muito bom e então descansou. Mas não ficou por aí, não só nos criou perfeitos, tal como toda a Natureza, como também nos criou especiais: à Sua imagem e semelhança.
- Deus descansou? Caramba, afinal Deus também se cansa!
- Somos à imagem e semelhança de Deus.
- e, claro, “Deus viu que tudo era muito bom” - que é precisamente o objecto desta reflexão.
É possível admitir que Deus tenha criado algo imperfeito? Não. Ponto final. Ele que é perfeito simplesmente não pode criar nada imperfeito. E para não haver dúvidas, diz ainda, que somos à Sua imagem e semelhança. Como podermos afinal ser imperfeitos?
E tu estás a pensar: “Ricardo, quer então dizer que o mundo em que vivemos é perfeito? Mas e todas as guerras, todas as maldades, todas as mortes? E todo o sofrimento? Como é que isso pode ser perfeito?”
Oh como eu te percebo! Quantas vezes já me fizeram essa mesma pergunta. E a resposta é grosseiramente simples: porque não estás a ver com os olhos de Deus.
E tu certamente replicarás: “Então onde é que Deus vê a perfeição numa criança que morre de fome, por exemplo?”
Espera, eu sei que não respondi à tua pergunta de forma a perceberes. Mas não é por não perceberes uma coisa que me vou impedir de ta dizer. Prefiro depois explicar-te.
Julgo que deve haver uma associação inconsciente entre perfeição e felicidade e entre dor e imperfeição. Mas que são mutuamente exclusivos. Isto é, se existe dor, não pode existir perfeição, logo, também não pode existir felicidade.
Se é assim que tu pensas, é lógico que não consegues ver a perfeição que existe no mundo e, sobretudo, no homem. Mas não é assim que as coisas verdadeiramente são.
E tu estás a perguntar-te:
- “Mas tu consegues ver a perfeição no homem?”
- Consigo!
- “Como humanidade ou individualmente?”
- Em ambos
- “Então também te julgas perfeito?”
- Claro! O que não sou é santo, porque sou pecador.
- “Espera, mas isso não faz sentido. És perfeito e pecador ao mesmo tempo?”
- Mais ou menos. Diria que o pecado é condição intrínseca à perfeição.
Se calhar, tu que és católico, certamente já te perguntaste porque teve Cristo que sofrer tanto para morrer, se o importante foi a ressurreição? Possivelmente não encontraste nenhuma resposta. Mas uma coisa te garanto, Ele teve mesmo que sofrer, e muito, antes de morrer. Não te vou explicar aqui o porquê, mas acredita que Ele teve que sofrer para que dali resultasse uma grande dádiva: a remissão de todos os pecados.
Eu sei que isto parece, à primeira vista, muito teológico, mas creio que aceitas que desse sofrimento veio algo infinitamente melhor, a vida eterna. Ou que, de uma forma generalizada, o homem tem a capacidade de se superar nos momentos de catástrofe e transformá-los em oportunidades.
Olhando de uma perspectiva inversa, penso que a grande maioria de nós admite que, mesmo aquelas pessoas que aparentam ter tudo, passam por desilusões, desânimos, angústia, stress. Acabam por ter maior dificuldade em inventar novos objectivos na vida por que lutar e, quando não conseguem, desistem de viver.
Isto só para dizer que, nem o sofrimento é o fim, nem o bem-estar é a meta. Não é por ver uma criança bem nutrida que vou acreditar que ela é feliz, nem por ver uma criança com algumas carências que vou julgá-la infeliz.
Postas todas estas considerações, passarei a explicar como percebi que afinal o mundo é perfeito.
Primeiro, é-me impossível discordar da bíblia. Logo, se a bíblia me ensina algo contrário aquilo que vejo, só posso concluir que o que vejo é limitado ou, na pior das hipóteses, que tenho as minhas ideias baralhadas e ao ver uma coisa boa julgo-a má e vice-versa.
Segundo, ao estudar a resposta do nosso planeta às alterações climáticas, finalmente compreendi o equilíbrio que existe na bioesfera (que é muito mais do que simplesmente saber que existe esse equilíbrio) Tudo foi criado para persistir num equilíbrio. Por exemplo, a terra encontrará maneira de se equilibrar se a temperatura da terra continuar a aumentar. Os calotes polares derreterão, as correntes marítimas serão alteradas, o nível das águas subirá e provocará catástrofes atrás de catástrofes até eliminar toda a fonte de poluição. Como se a terra se sacudisse até que paremos de a magoar. Outro exemplo, que me fez pensar foi o surgimento de novas doenças. É natural que todos os seres vivos morram ocasionalmente de doenças ou outras causas ambientais. Conseguindo o homem debelar grande parte de algumas enfermidades por via da medicina, a análise empírica mostra-nos que a natureza encontra formas de nos manietar com novas doenças.
Estes exemplos são talvez estranhos, mas foram eles que me fizeram pensar que tudo existe está de tal forma entrelaçada e equilibrada, de facto, de modo perfeito.
No que respeita ao homem, a perfeição é um pouco mais complexa, mas tem que ser entendida de forma dinâmica. Isto é, não existe uma perfeição estática. Se entendermos que o pecado é o afastamento de Deus, e que Deus nos criou livres de nos afastarmos ou não Dele, fica claro que o plano de Deus não foi criar um conjunto de seres que nunca Lhe desobedecessem. Antes pelo contrário, foi criar um ser de tal forma livre, cujo caminho pudesse decidir por si próprio. Portanto, se o afastamento – o pecado – e tudo o que dele resulta (que é o sofrimento), foi previsto a quando da nossa criação, é claro que mesmo sofrendo, enquanto mantivermos a capacidade de nos levantarmos das quedas, ou sobretudo, de darmos a mão a quem caiu, permaneceremos perfeitos aos olhos de Deus.
A grande questão, quanto a mim, não é saber se somos perfeitos ou não. Mas se somos santos. É tirar o enfoque daquilo que é a nossa natureza e colocá-lo naquilo que são as nossas decisões e atitudes. Ou seja, se utilizamos a nossa perfeição para sê-lo verdadeiramente.