quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Casamento

Depois do meu último post sobre casamento, fiquei preocupado que pudesse ser mal interpretado, por isso segue-se um pequeno ensaio sobre o casamento:

Existe algo muito mais importante que o conceito de casamento: o conceito de família.

No post "Santíssima Confusão!" faço uma apologia às relações familiares dizendo que são aquelas que mais se aproximam da perfeição entre os seres humanos, por achar que são as que melhor representam Deus. Principalmente numa família onde há filhos. E porque é que faço uma afirmação destas? Porque nas relações perfeitas, a felicidade e o bem estar do outro é uma preocupação constante, ao ponto de me esquecer de mim mesmo. Se ambos pensarem da mesma forma, ninguém será negligenciado. Se isto é mais do que óbvio quando falamos de filhos, estende-se, em certo grau, para toda família: irmãos, pais, avós, netos, etc...
Mas no que toca a cônjuges, é comum que isto não se aplique.  Por isso, falo muitas vezes na importância de um namoro bem feito, onde ambos percebam se querem a mesma coisa para o casamento.
Preferencialmente:
- fazer o outro feliz em vez de esperar ser feliz ao lado do outro;
- ter a certeza que a outra pessoa pensa exactamente desta forma, também.

Esta é a receita de sucesso para um casamento longo e feliz. É fácil querer fazer a outra pessoa feliz quando estamos apaixonados, mas é preciso muita maturidade para querer continuar a fazê-lo quando as coisas não correm tão bem. Uma das coisas que nos separa do resto da criação, é a capacidade para fazermos coisas que não gostamos ou não queremos, simplesmente porque é a coisa correcta a fazer, mesmo que custe. Seja por motivos de moralidade e ética, seja por motivos de compromissos assumidos. É curioso que se eu quisesse definir "responsabilidade" era exactamente isto que diria. Ainda é mais curioso saber quão agradável é a Deus os nossos sacrifícios em prol destes motivos. Um sacrifício, motivado por um comprometimento, por uma promessa ou simplesmente porque o que é o mais correcto, vale mais aos olhos de Deus que muitas obras de caridade que fazemos no nosso tempo livre. E dizer que é agradável aos olhos de Deus é o mesmo que dizer que é um profundo gesto de amor.

Portanto, sim! Eu acredito que o amor deve ser nutrido tanto quanto acredito que pode ser reparado apenas pela vontade, mesmo que a paixão tenha desaparecido.
A minha experiência diz-me que se alguém tiver o cuidado de se preocupar comigo e procurar gestos que me façam feliz, é muito fácil sentir grande ternura por essa pessoa, seja ela branca ou laranja, feia ou bonita. Se eu tiver o cuidado de procurar constantemente coisas que façam essa pessoa feliz, o resultado será a criação de laços de afecto profundos. Esta constante troca de cuidados, procurando o interesse do outro, mais que o meu interesse, é como uma bola de neve de sentimentos de carinho que vai aumentando ao longo do caminho.
Penso que estamos geneticamente programados para gostar de pessoas que querem o nosso bem.

Como podes concluir, o egoísmo, o procurar o outro pelo prazer que me dá, consome e destrói o amor conjugal e não serve para uma relação feliz e duradoura. Uma pessoa que procure alguém que a faça feliz, sofre do mesmo problema. Pode parecer um paradoxo, já que escrevi acima que devemos ter a certeza que a outra pessoa quer fazer-nos feliz, mas não é. São coisas muito diferentes, embora pareçam semelhantes: querer alguém que me faça feliz vs ter a certeza que a pessoa que eu quero fazer feliz também me quer fazer feliz. A diferença está no que o outro quer, pois uma pessoa pode fazer-me feliz sem querer. Se fico satisfeito com a preocupação que o outro tem em fazer-me feliz, e não retribuo, estou a pôr um prazo de validade nessa relação. A certa altura começa-se a cobrar o porquê do outro já não me fazer feliz.

Mas isto tudo é muito ideológico. A realidade costuma atirar umas espinhas e uma surpresas que dificultam cumprir estas regras à letra. Quando a realidade faz isso, é aqui que ser uma pessoa de palavra, que cumpre e faz o que se compromete; com fortes valores morais, que faz o que é certo e o que deve ser feito, mesmo que não seja o que deseja, faz toda a diferença.

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