Vi hoje no facebook uma imagem com a seguinte frase: "What if I told you, you can believe in god without rejecting science and racional morality?"
Obviamente que tinha um rol incrível de comentários. Li meia dúzia e desisti. Logo nos primeiros comentários que vi, alguém ridicularizava quem tem fé e dizia ainda que fé é o oposto de ciência.
Talvez seja preconceito meu, mas penso que todo o tipo de intolerância denota algum grau de incapacidade racional. Pessoas inteligentes não são intolerantes, são simplesmente discordantes. Porque para mim, intolerância mexe com sentimentos e preconceitos e não com razões. Pela forma como mexe comigo, concluo que eu próprio sou intolerante à intolerância, principalmente a religiosa.
Aparentemente, se for a olhar para a quantidade de comentários a tudo quanto é notícia sobre o trinómio Igreja - Deus - Religião, o ateísmo intoleranto-militanto-discriminador tem muitíssimos adeptos. A propaganda é muito simples: a fé pede que acreditemos em coisas absurdas que contrariam a ciência, portanto, só os pré-históricos e os ignorantes é que ainda acreditam. É claro que qualquer católico minimamente educado na fé, sabe perfeitamente que é totalmente errado usar teorias científicas para suportar ou refutar qualquer conhecimento de fé, ou vice-versa, querer usar o sobrenatural para justificar a falta de conhecimento natural das coisas. A bíblia deve ser encarada como um livro que usa a relatividade para falar de coisas absolutas. Por seu lado, a ciência usa factos absolutos para falar de coisas relativas.
Quero dizer com isto que a bíblia usa de muitos estilos literários: poesia, relatos históricos, metáforas, parábolas e comparações (isto é, formas relativas e até mesmo confusas) para nos ensinar factos absolutos, como a natureza de Deus ou o papel do homem no mundo; por seu turno, a ciência usa os factos observáveis (absolutos no sentido em que determinadas condições produzem invariavelmente o mesmo resultado) para construir teorias. Ora, teoria é, por definição, algo que carece de comprovação. O evolucionismo e o big-bang, por mais consenso que reúnam, ainda não são factos, são teorias. Virá a altura em que novos factos, colocarão em causa ambas as teorias e as mesmas tenham de ser reinventadas ou completamente substituídas por outras. Isto não é fé, é um facto histórico. Fé seria acreditar em ambas as teorias como certas e definitivas. Muitas vezes penso que é preciso ter muito mais fé para negar Deus do que para acreditar. Porque o ser humano não suporta o vazio de absoluto, isto é, o vazio de certezas. Se tudo é relativo, então tudo é incerto. Logo, alguém que não acredita em Deus, tem de preencher essa necessidade de absoluto com outra coisa, normalmente é a ciência. E então colocam-na num estatuto que ela nunca quis ter. Peguemos num exemplo que dei: o evolucionismo. Há fortes evidências que suportam a teoria do evolucionismo, contudo, a mesma tem sofrido diversas alterações à medida que novos factos e descobertas põe em causa a formulação actual da mesma. De tal modo, que a teoria actual é muito diferente e mais complexa do que a formulada por Darwin. Mas, apesar de tudo, esta é a única teoria que permite ao ser humano, racionalmente poder retirar Deus da equação da origem da vida. O problema é que a teoria tem tantas lacunas (dificuldades em explicar alguns factos arqueológicos), que o tamanho e quantidade das teorias para explicar essas lacunas são bem maiores e menos lógicas. Mas, repito, como é a única que permite não acreditar em Deus de forma racionalmente honesta, há muita gente que coloca a sua certeza nessa teoria. Isto é, tem fé na teoria. O que é, por sua vez, grave, já que qualquer cientista honesto, sabe que todo o conhecimento científico é relativo e está sujeito a refutação, sob pena de dogmatizar o conhecimento, que é apanágio da religião.
Portanto, não é totalmente incompreensível que alguém defina fé como oposto a ciência. Mas a minha objecção mantém-se porque é o método que é oposto e não a sua natureza. E se isto não bastasse, também porque o seu argumento é muitíssimo incorrecto. O argumento é que a fé obriga a acreditar em coisas estapafúrdias, como por exemplo, que Deus criou o universo e a terra em 6 dias. Isto faz-me lembrar o caso do Galileu: o que é que adianta falar verdade se as conclusões que tiramos são ridículas? É claro que a fé não pede para acreditar nisso. A fé pede-nos para acreditar que foi Deus que criou o mundo, mas dá o lugar à ciência para nos tentar explicar, como é que Deus criou o mundo.
Na verdade, existe uma grande complementaridade entre ciência e fé. Precisamente porque nós não somos apenas matéria e processos químicos. Somos também emoções, leis, ética e comportamento. A ciência explica-nos a natureza e dá-nos ferramentas físicas, a fé ajuda-nos a viver em comunidade, ajuda-nos no campo do imaterial. É importante que a vida, que é do domínio do relativo, seja temperada com laivos de absoluto. Quanto mais caminharmos em direcção ao relativo, por conseguinte, rejeitando o absoluto, mais espaço ganha o subjectivo (o eu) e consequentemente se perde o nós.
No entanto, o motivo que me leva a escrever hoje é diferente.
Apesar desta longa dissertação, aquilo que eu queria dizer é que, embora o ateísmo pareça estar em alta, a verdade é que, olhando para os meus meninos do grupo de jovens, Cristo é incomparavelmente mais atraente. Não são poucas as pessoas que com certeza se sentem interrogadas com a nossa alegria e energia e sentem curiosidade em vir conhecer. Para os que me lêem, fica a dica: é pela fé em Cristo que somos contagiados com esta alegria! Não é por acreditarmos em Deus ou no sobrenatural, mas sim, especificamente em Cristo.
Compêndio dos meus pensamentos cortantes e ataques mordazes a tudo o que não concordo.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
terça-feira, 5 de março de 2013
sou tão feliz que até chateia!
Há alguns anos, cerca de uma década a esta parte, dizia que não é possível ser-se cristão e não ser feliz. Pois se havia cristãos infelizes, seguramente eles não era cristãos.
Hoje, embora mantenha a mesma convicção, aceito resumir felicidade a alegria. Um cristão que não viva com alegria, sirva com alegria ou partilhe com alegria será, quanto muito, uma aspirante a cristão.
Não existem relatos, ou testemunhos que Jesus era uma pessoa alegre. O único relato histórico contemporâneo de Jesus, enviado pelo governador Publius Lentulus a César, fala dele como uma pessoa de um olhar assombroso e umas feições belas, mas dizia que nunca ninguém o vira sorrir. (curiosidade: o mesmo relato fala de Maria, sua mãe, como a mulher mais bela que já se vira naquele país)
Os próprios evangelhos são parcos em relatos nesse sentido. Pessoalmente só conheço o Lc 10, 21.
Contudo, o meu intelecto diz-me que Cristo era, certamente, uma pessoa alegre ou, noutro sentido, que se alegrava constantemente. Porquê? Puro bom senso e um bocadinho de lógica. As primeiras comunidades cristãs existiam muito à imagem da pessoa de Jesus e há um relato nos Actos dos Apóstolos referente à vida dessas primeiras comunidades, no qual ressalvo uma frase em particular que resume de forma sublime essa vida comunitária: "vede como eles se amam". Foi assim que as comunidades cristãs começaram a atrair cada vez mais pessoas. E aqui está a minha pergunta: como é que se vê o amor?
Através dos gestos, claro. E dos frutos, também. Mas pode uma cara em sofrimento, ainda que num gesto de caridade, cativar alguém? Penso que não. Portanto, não basta o gesto em si, mas também a forma como é feito. Não estou a retirar importância ao sacrifício de um gesto de amor, mas a centrar na questão da atracção. O que é que eu teria que ver num grupo para me sentir atraído por ele?
É claro que Jesus não precisava ser uma pessoa sorridente para ser quem foi. A verdade com que falava e a esperança que trazia seriam suficientes para cativar multidões. Mas se atendermos à alegria que sinto por ter conhecido Jesus, só posso especular no mesmo sentido para aqueles que o escutaram e seguiram.
Hoje, embora mantenha a mesma convicção, aceito resumir felicidade a alegria. Um cristão que não viva com alegria, sirva com alegria ou partilhe com alegria será, quanto muito, uma aspirante a cristão.
Não existem relatos, ou testemunhos que Jesus era uma pessoa alegre. O único relato histórico contemporâneo de Jesus, enviado pelo governador Publius Lentulus a César, fala dele como uma pessoa de um olhar assombroso e umas feições belas, mas dizia que nunca ninguém o vira sorrir. (curiosidade: o mesmo relato fala de Maria, sua mãe, como a mulher mais bela que já se vira naquele país)
Os próprios evangelhos são parcos em relatos nesse sentido. Pessoalmente só conheço o Lc 10, 21.
Contudo, o meu intelecto diz-me que Cristo era, certamente, uma pessoa alegre ou, noutro sentido, que se alegrava constantemente. Porquê? Puro bom senso e um bocadinho de lógica. As primeiras comunidades cristãs existiam muito à imagem da pessoa de Jesus e há um relato nos Actos dos Apóstolos referente à vida dessas primeiras comunidades, no qual ressalvo uma frase em particular que resume de forma sublime essa vida comunitária: "vede como eles se amam". Foi assim que as comunidades cristãs começaram a atrair cada vez mais pessoas. E aqui está a minha pergunta: como é que se vê o amor?
Através dos gestos, claro. E dos frutos, também. Mas pode uma cara em sofrimento, ainda que num gesto de caridade, cativar alguém? Penso que não. Portanto, não basta o gesto em si, mas também a forma como é feito. Não estou a retirar importância ao sacrifício de um gesto de amor, mas a centrar na questão da atracção. O que é que eu teria que ver num grupo para me sentir atraído por ele?
É claro que Jesus não precisava ser uma pessoa sorridente para ser quem foi. A verdade com que falava e a esperança que trazia seriam suficientes para cativar multidões. Mas se atendermos à alegria que sinto por ter conhecido Jesus, só posso especular no mesmo sentido para aqueles que o escutaram e seguiram.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Casamento
Depois do meu último post sobre casamento, fiquei preocupado que pudesse ser mal interpretado, por isso segue-se um pequeno ensaio sobre o casamento:
Existe algo muito mais importante que o conceito de casamento: o conceito de família.
No post "Santíssima Confusão!" faço uma apologia às relações familiares dizendo que são aquelas que mais se aproximam da perfeição entre os seres humanos, por achar que são as que melhor representam Deus. Principalmente numa família onde há filhos. E porque é que faço uma afirmação destas? Porque nas relações perfeitas, a felicidade e o bem estar do outro é uma preocupação constante, ao ponto de me esquecer de mim mesmo. Se ambos pensarem da mesma forma, ninguém será negligenciado. Se isto é mais do que óbvio quando falamos de filhos, estende-se, em certo grau, para toda família: irmãos, pais, avós, netos, etc...
Mas no que toca a cônjuges, é comum que isto não se aplique. Por isso, falo muitas vezes na importância de um namoro bem feito, onde ambos percebam se querem a mesma coisa para o casamento.
Preferencialmente:
- fazer o outro feliz em vez de esperar ser feliz ao lado do outro;
- ter a certeza que a outra pessoa pensa exactamente desta forma, também.
Esta é a receita de sucesso para um casamento longo e feliz. É fácil querer fazer a outra pessoa feliz quando estamos apaixonados, mas é preciso muita maturidade para querer continuar a fazê-lo quando as coisas não correm tão bem. Uma das coisas que nos separa do resto da criação, é a capacidade para fazermos coisas que não gostamos ou não queremos, simplesmente porque é a coisa correcta a fazer, mesmo que custe. Seja por motivos de moralidade e ética, seja por motivos de compromissos assumidos. É curioso que se eu quisesse definir "responsabilidade" era exactamente isto que diria. Ainda é mais curioso saber quão agradável é a Deus os nossos sacrifícios em prol destes motivos. Um sacrifício, motivado por um comprometimento, por uma promessa ou simplesmente porque o que é o mais correcto, vale mais aos olhos de Deus que muitas obras de caridade que fazemos no nosso tempo livre. E dizer que é agradável aos olhos de Deus é o mesmo que dizer que é um profundo gesto de amor.
Portanto, sim! Eu acredito que o amor deve ser nutrido tanto quanto acredito que pode ser reparado apenas pela vontade, mesmo que a paixão tenha desaparecido.
A minha experiência diz-me que se alguém tiver o cuidado de se preocupar comigo e procurar gestos que me façam feliz, é muito fácil sentir grande ternura por essa pessoa, seja ela branca ou laranja, feia ou bonita. Se eu tiver o cuidado de procurar constantemente coisas que façam essa pessoa feliz, o resultado será a criação de laços de afecto profundos. Esta constante troca de cuidados, procurando o interesse do outro, mais que o meu interesse, é como uma bola de neve de sentimentos de carinho que vai aumentando ao longo do caminho.
Penso que estamos geneticamente programados para gostar de pessoas que querem o nosso bem.
Como podes concluir, o egoísmo, o procurar o outro pelo prazer que me dá, consome e destrói o amor conjugal e não serve para uma relação feliz e duradoura. Uma pessoa que procure alguém que a faça feliz, sofre do mesmo problema. Pode parecer um paradoxo, já que escrevi acima que devemos ter a certeza que a outra pessoa quer fazer-nos feliz, mas não é. São coisas muito diferentes, embora pareçam semelhantes: querer alguém que me faça feliz vs ter a certeza que a pessoa que eu quero fazer feliz também me quer fazer feliz. A diferença está no que o outro quer, pois uma pessoa pode fazer-me feliz sem querer. Se fico satisfeito com a preocupação que o outro tem em fazer-me feliz, e não retribuo, estou a pôr um prazo de validade nessa relação. A certa altura começa-se a cobrar o porquê do outro já não me fazer feliz.
Mas isto tudo é muito ideológico. A realidade costuma atirar umas espinhas e uma surpresas que dificultam cumprir estas regras à letra. Quando a realidade faz isso, é aqui que ser uma pessoa de palavra, que cumpre e faz o que se compromete; com fortes valores morais, que faz o que é certo e o que deve ser feito, mesmo que não seja o que deseja, faz toda a diferença.
Existe algo muito mais importante que o conceito de casamento: o conceito de família.
No post "Santíssima Confusão!" faço uma apologia às relações familiares dizendo que são aquelas que mais se aproximam da perfeição entre os seres humanos, por achar que são as que melhor representam Deus. Principalmente numa família onde há filhos. E porque é que faço uma afirmação destas? Porque nas relações perfeitas, a felicidade e o bem estar do outro é uma preocupação constante, ao ponto de me esquecer de mim mesmo. Se ambos pensarem da mesma forma, ninguém será negligenciado. Se isto é mais do que óbvio quando falamos de filhos, estende-se, em certo grau, para toda família: irmãos, pais, avós, netos, etc...
Mas no que toca a cônjuges, é comum que isto não se aplique. Por isso, falo muitas vezes na importância de um namoro bem feito, onde ambos percebam se querem a mesma coisa para o casamento.
Preferencialmente:
- fazer o outro feliz em vez de esperar ser feliz ao lado do outro;
- ter a certeza que a outra pessoa pensa exactamente desta forma, também.
Esta é a receita de sucesso para um casamento longo e feliz. É fácil querer fazer a outra pessoa feliz quando estamos apaixonados, mas é preciso muita maturidade para querer continuar a fazê-lo quando as coisas não correm tão bem. Uma das coisas que nos separa do resto da criação, é a capacidade para fazermos coisas que não gostamos ou não queremos, simplesmente porque é a coisa correcta a fazer, mesmo que custe. Seja por motivos de moralidade e ética, seja por motivos de compromissos assumidos. É curioso que se eu quisesse definir "responsabilidade" era exactamente isto que diria. Ainda é mais curioso saber quão agradável é a Deus os nossos sacrifícios em prol destes motivos. Um sacrifício, motivado por um comprometimento, por uma promessa ou simplesmente porque o que é o mais correcto, vale mais aos olhos de Deus que muitas obras de caridade que fazemos no nosso tempo livre. E dizer que é agradável aos olhos de Deus é o mesmo que dizer que é um profundo gesto de amor.
Portanto, sim! Eu acredito que o amor deve ser nutrido tanto quanto acredito que pode ser reparado apenas pela vontade, mesmo que a paixão tenha desaparecido.
A minha experiência diz-me que se alguém tiver o cuidado de se preocupar comigo e procurar gestos que me façam feliz, é muito fácil sentir grande ternura por essa pessoa, seja ela branca ou laranja, feia ou bonita. Se eu tiver o cuidado de procurar constantemente coisas que façam essa pessoa feliz, o resultado será a criação de laços de afecto profundos. Esta constante troca de cuidados, procurando o interesse do outro, mais que o meu interesse, é como uma bola de neve de sentimentos de carinho que vai aumentando ao longo do caminho.
Penso que estamos geneticamente programados para gostar de pessoas que querem o nosso bem.
Como podes concluir, o egoísmo, o procurar o outro pelo prazer que me dá, consome e destrói o amor conjugal e não serve para uma relação feliz e duradoura. Uma pessoa que procure alguém que a faça feliz, sofre do mesmo problema. Pode parecer um paradoxo, já que escrevi acima que devemos ter a certeza que a outra pessoa quer fazer-nos feliz, mas não é. São coisas muito diferentes, embora pareçam semelhantes: querer alguém que me faça feliz vs ter a certeza que a pessoa que eu quero fazer feliz também me quer fazer feliz. A diferença está no que o outro quer, pois uma pessoa pode fazer-me feliz sem querer. Se fico satisfeito com a preocupação que o outro tem em fazer-me feliz, e não retribuo, estou a pôr um prazo de validade nessa relação. A certa altura começa-se a cobrar o porquê do outro já não me fazer feliz.
Mas isto tudo é muito ideológico. A realidade costuma atirar umas espinhas e uma surpresas que dificultam cumprir estas regras à letra. Quando a realidade faz isso, é aqui que ser uma pessoa de palavra, que cumpre e faz o que se compromete; com fortes valores morais, que faz o que é certo e o que deve ser feito, mesmo que não seja o que deseja, faz toda a diferença.
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questões do nosso tempo e de outros também
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Santíssima confusão!
Se há coisa que faz muita confusão na cabeça de qualquer cristão é o mistério da Santíssima Trindade.
Este mistério consiste na crença de um único Deus que são três pessoas distintas.
Há um ponto de partida que não deverá ser ignorada: o mistério continuará um mistério não importa quão brilhante seja a nossa mente. Todavia a meditação sobre este mistério é fonte de grande riqueza espiritual. Na minha opinião, uma certa dose de encantamento pelo mesmo, trará grandes benefícios à fé de cada crente.
Mas existe uma confusão generalizada sobre a natureza da santíssima trindade e acabo por ouvir tanto comparações muito estranhas e duvidosas, como outras muito queridas e inócuas: desde um shampô 3 em 1 a três velas acesas no qual as chamas se tocam, formando uma única chama.
A forma como tentamos racionalizar este puzzle sem solução diz muito sobre a forma como cada um vê Deus. Embora não exista uma comparação perfeita, julgo que existem comparações que são melhores do que outras. Será então lógico da minha parte concluir que um melhor conhecimento de Deus revelará uma racionalização da Santíssima Trindade mais madura e fiel à verdade.
Primeiro, estamos a falar de três pessoas distintas:
- o Pai, que é todo-poderoso e criador;
- o Filho que é o Rei de toda a criação, que lhe foi dada pelo Pai, que encarnou na pessoa de Jesus, que é o caminho para o Pai;
- o Espírito Santo - É através dele que o Pai e o Filho se relacionam e actuam sobre a humanidade.
Segundo, estamos a falar de um único Deus.
Logo, Deus é três pessoas. Isto não é exactamente um mistério, pois um homem e uma mulher que gerem um filho, também são uma família e três pessoas distintas.
O mistério surge quando Jesus nos diz que quem vê o Filho está a ver o Pai, pois o Pai e o Filho são um só.
Esta constatação poderia remeter-nos para outro tipo de imagem: toda e qualquer pessoa que já tenha sido pai. Por exemplo, eu sou filho dos meus pais e, ao mesmo tempo, pai da minha filha. Portanto, quem me vê, vê-me como pai e como filho. Mas este tipo de raciocínio é brutalmente ingénuo, pois sou apenas uma pessoa apesar de agir de forma distinta com os meus pais do que com a minha filha. Para ser minimamente aproximado, eu teria de ter duas personalidade completamente distintas e permanentemente conscientes. E é um crime teológico desprover cada uma das três pessoas da santíssima trindade das suas "personalidades e características" próprias.
Faria-me mais sentido aquela tão habitual observação: "é tal e qual o pai dele". E nesse caso, remete-nos novamente para o conceito de família.
Outra coisa que S. Paulo nos diz sobre Deus é que Ele é amor.
Ora, uma característica do amor, é que este só existe na relação entre, pelo menos, duas pessoas. Assim, Deus jamais seria amor, se fosse apenas uma pessoa.
É importante não confundir auto-estima e auto-confiança com amor próprio. Aliás, amor próprio é um paradoxo e há poucas coisas no mundo mais contrárias ao amor que este chamado amor próprio. A definição de amor que mencionei no princípio deste blogue continua actual: amar é preocupar e cuidar do outro. Quanto mais amor canalizo para mim, quanto mais me tento agradar a mim mesmo, menos tempo e espaço sobra para amar outra pessoa. Portanto, o egoísmo mata, literalmente, o amor.
E que melhor exemplo de amor será possível encontrar que o amor dos pais pelos seus filhos?
Outra questão pertinente é a noção bíblica de termos sido feitos à imagem e semelhança de Deus. Já ouvi muitas coisas acerca disto, umas disparatadas, outras interessantes mas erradas. Desde a fisionomia à capacidade de raciocinar e de criar. Nada disto significa ser à imagem ou semelhança de Deus. Ser à imagem e semelhança de Deus significa apenas que somos seres que vivemos em relação. Isto é, fomos feitos para nos relacionarmos. E a forma mais perfeita de relacionamento é o amor. Não existe qualquer dúvida na minha cabeça que Deus nos criou para amarmos e sermos fecundos no amor. E ser fecundo significa além da geração de filhos, a geração de amor. Por outras palavras, somos a imagem de Deus sempre que amamos e que o nosso amor atrai e cativa outros para amarem de igual forma.
Posto isto, e sem querer dizer que esta comparação é a melhor, não consigo ver melhor representação da Santíssima Trindade que uma família. Não uma família qualquer, uma família perfeita.
Todavia não convém esquecer que, apesar dos argumentos que dei serem verdadeiros, esta conclusão é apenas uma opinião, já que por se tratar de um mistério, é inalcançável com a razão, tanto para uma criança como para o próprio Papa.
Este mistério consiste na crença de um único Deus que são três pessoas distintas.
Há um ponto de partida que não deverá ser ignorada: o mistério continuará um mistério não importa quão brilhante seja a nossa mente. Todavia a meditação sobre este mistério é fonte de grande riqueza espiritual. Na minha opinião, uma certa dose de encantamento pelo mesmo, trará grandes benefícios à fé de cada crente.
Mas existe uma confusão generalizada sobre a natureza da santíssima trindade e acabo por ouvir tanto comparações muito estranhas e duvidosas, como outras muito queridas e inócuas: desde um shampô 3 em 1 a três velas acesas no qual as chamas se tocam, formando uma única chama.
A forma como tentamos racionalizar este puzzle sem solução diz muito sobre a forma como cada um vê Deus. Embora não exista uma comparação perfeita, julgo que existem comparações que são melhores do que outras. Será então lógico da minha parte concluir que um melhor conhecimento de Deus revelará uma racionalização da Santíssima Trindade mais madura e fiel à verdade.
Primeiro, estamos a falar de três pessoas distintas:
- o Pai, que é todo-poderoso e criador;
- o Filho que é o Rei de toda a criação, que lhe foi dada pelo Pai, que encarnou na pessoa de Jesus, que é o caminho para o Pai;
- o Espírito Santo - É através dele que o Pai e o Filho se relacionam e actuam sobre a humanidade.
Segundo, estamos a falar de um único Deus.
Logo, Deus é três pessoas. Isto não é exactamente um mistério, pois um homem e uma mulher que gerem um filho, também são uma família e três pessoas distintas.
O mistério surge quando Jesus nos diz que quem vê o Filho está a ver o Pai, pois o Pai e o Filho são um só.
Esta constatação poderia remeter-nos para outro tipo de imagem: toda e qualquer pessoa que já tenha sido pai. Por exemplo, eu sou filho dos meus pais e, ao mesmo tempo, pai da minha filha. Portanto, quem me vê, vê-me como pai e como filho. Mas este tipo de raciocínio é brutalmente ingénuo, pois sou apenas uma pessoa apesar de agir de forma distinta com os meus pais do que com a minha filha. Para ser minimamente aproximado, eu teria de ter duas personalidade completamente distintas e permanentemente conscientes. E é um crime teológico desprover cada uma das três pessoas da santíssima trindade das suas "personalidades e características" próprias.
Faria-me mais sentido aquela tão habitual observação: "é tal e qual o pai dele". E nesse caso, remete-nos novamente para o conceito de família.
Outra coisa que S. Paulo nos diz sobre Deus é que Ele é amor.
Ora, uma característica do amor, é que este só existe na relação entre, pelo menos, duas pessoas. Assim, Deus jamais seria amor, se fosse apenas uma pessoa.
É importante não confundir auto-estima e auto-confiança com amor próprio. Aliás, amor próprio é um paradoxo e há poucas coisas no mundo mais contrárias ao amor que este chamado amor próprio. A definição de amor que mencionei no princípio deste blogue continua actual: amar é preocupar e cuidar do outro. Quanto mais amor canalizo para mim, quanto mais me tento agradar a mim mesmo, menos tempo e espaço sobra para amar outra pessoa. Portanto, o egoísmo mata, literalmente, o amor.
E que melhor exemplo de amor será possível encontrar que o amor dos pais pelos seus filhos?
Outra questão pertinente é a noção bíblica de termos sido feitos à imagem e semelhança de Deus. Já ouvi muitas coisas acerca disto, umas disparatadas, outras interessantes mas erradas. Desde a fisionomia à capacidade de raciocinar e de criar. Nada disto significa ser à imagem ou semelhança de Deus. Ser à imagem e semelhança de Deus significa apenas que somos seres que vivemos em relação. Isto é, fomos feitos para nos relacionarmos. E a forma mais perfeita de relacionamento é o amor. Não existe qualquer dúvida na minha cabeça que Deus nos criou para amarmos e sermos fecundos no amor. E ser fecundo significa além da geração de filhos, a geração de amor. Por outras palavras, somos a imagem de Deus sempre que amamos e que o nosso amor atrai e cativa outros para amarem de igual forma.
Posto isto, e sem querer dizer que esta comparação é a melhor, não consigo ver melhor representação da Santíssima Trindade que uma família. Não uma família qualquer, uma família perfeita.
Todavia não convém esquecer que, apesar dos argumentos que dei serem verdadeiros, esta conclusão é apenas uma opinião, já que por se tratar de um mistério, é inalcançável com a razão, tanto para uma criança como para o próprio Papa.
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