terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O maior dos segredos da Cristandade

Já a pensar na próxima edição do Gjornal, aqui vai a minha reflexão mensal:

A propósito deste tempo de advento gostaria de te transmitir o maior dos segredos da cristandade. O segredo que demorei 27 anos a descobrir, e agora, partilho contigo.

Um pouco de Teologia primeiro: Ouço muitas vezes pregões como “Deus está dentro de nós”. Parece que quando uma coisa é repetida muitas vezes passa a verdade. Mas, lida literalmente, esta frase é altamente herética. Remete-nos para uma heresia secular chamada Gnose. Em traços muito gerais, esta ideologia prevê que todo o conhecimento já está encerrado dentro de nós, uma vez que Deus deixou um pedacinho de Si em cada homem. É a busca desse conhecimento que nos leva à perfeição. Logo, deduzem-se duas conclusões:

a) a a) Se a divindade está literalmente dentro de mim, eu também faço parte de Deus e é em mim que se encerra todo o conhecimento;

b) b b) Para O encontrar, não preciso do outro. A finalidade da minha existência está em mim.

Então, parece-te herético ou não?

Se não, lanço-te uma questão: o que têm em comum todos os santos e santas da Igreja? Será o facto de passarem a vida inteira à procura de Deus, a olharem para o alto? Penso que não. Se são santos foi porque descobriram este segredo e, entendendo-o, se lhe dedicaram de corpo e alma. O mesmo segredo que encerra o Natal, o impensável para os Judeus e Muçulmanos?

Deus vem ao nosso encontro!

Deves estar a pensar. “Só isso? Deus vem ao nosso encontro? Mas isso não é segredo nenhum, já aprendi na catequese.”

Acredito que sim, mas se aprendeste isso na catequese porque continuas a procurar por Ele? Ou estou enganado? Se entendesses esta novidade, saberias que não são precisas demandas ou revelações para encontrar Deus. Na verdade, o acto de procurar Deus é sintomático de miopia ou cegueira. É como teres o tesouro à tua frente e ainda estares a tentar decifrar o mapa. Se é o próprio Deus vem ter contigo, que mais precisas para o encontrar? Saber reconhecê-Lo, diria eu. É por isso que esta é uma passagem central dos evangelhos: Mt 25, 31-46. Só assim é que deixamos Deus fazer parte da nossa vida. Deus está onde existir um gesto de amor e o verdadeiro amor leva-nos à negação de nós mesmos na dádiva ao outro. E só dando a quem nada tem é que podemos ansiar por nada receber em troca.

É como diz a canção: “Se eu penso mim, tu ficas só…”

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