terça-feira, 5 de março de 2013

sou tão feliz que até chateia!

Há alguns anos, cerca de uma década a esta parte, dizia que não é possível ser-se cristão e não ser feliz. Pois se havia cristãos infelizes, seguramente eles não era cristãos.

Hoje, embora mantenha a mesma convicção, aceito resumir felicidade a alegria. Um cristão que não viva com alegria, sirva com alegria ou partilhe com alegria será, quanto muito, uma aspirante a cristão.

Não existem relatos, ou testemunhos que Jesus era uma pessoa alegre. O único relato histórico contemporâneo de Jesus, enviado pelo governador Publius Lentulus a César, fala dele como uma pessoa de um olhar assombroso e umas feições belas, mas dizia que nunca ninguém o vira sorrir. (curiosidade: o mesmo relato fala de Maria, sua mãe, como a mulher mais bela que já se vira naquele país)
Os próprios evangelhos são parcos em relatos nesse sentido. Pessoalmente só conheço o Lc 10, 21.

Contudo, o meu intelecto diz-me que Cristo era, certamente, uma pessoa alegre ou, noutro sentido, que se alegrava constantemente. Porquê? Puro bom senso e um bocadinho de lógica. As primeiras comunidades cristãs existiam muito à imagem da pessoa de Jesus e há um relato nos Actos dos Apóstolos referente à vida dessas primeiras comunidades, no qual ressalvo uma frase em particular que resume de forma sublime essa vida comunitária: "vede como eles se amam". Foi assim que as comunidades cristãs começaram a atrair cada vez mais pessoas. E aqui está a minha pergunta: como é que se vê o amor?
Através dos gestos, claro. E dos frutos, também. Mas pode uma cara em sofrimento, ainda que num gesto de caridade, cativar alguém? Penso que não. Portanto, não basta o gesto em si, mas também a forma como é feito. Não estou a retirar importância ao sacrifício de um gesto de amor, mas a centrar na questão da atracção. O que é que eu teria que ver num grupo para me sentir atraído por ele?

É claro que Jesus não precisava ser uma pessoa sorridente para ser quem foi. A verdade com que falava e a esperança que trazia seriam suficientes para cativar multidões. Mas se atendermos à alegria que sinto por ter conhecido Jesus, só posso especular no mesmo sentido para aqueles que o escutaram e seguiram.