Muitas vezes tive que explicar o que é o pecado original. Acredites ou não, a grande maioria dos católicos faz uma ideia errada do Pecado Original. Os meu preferidos são: "sexo", "desobediência a Deus" e "tentação". (Se achavas que pelo menos um destes termos é o Pecado Original, é apenas sintoma que tens de te informar melhor).
O intuito deste post não é definir o pecado original, apenas salientei estes factos para expôr uma teoria: Uma grande maioria de nós católicos tem um concepção errada de pecado e lida com ele de forma equívoca, a começar por aqueles que acham que "tentação" e "sexo" são pecado.
Na tentativa de amenizar esta critica directa à minha família católica, afirmo sem pudor que o desconhecimento é bem maior por entre os agnósticos e ateus que gostam de criticar a Igreja. E como toda a gente sabe, criticar-se algo que não se conhece é... hum, qual é a palavra?,... ah, sim... estúpido!
Voltando ao pecado; como é possível alguém pensar que "sexo" e "tentação" são o pecado original, se não são, de todo, pecado? É simples: há uma grande distorção ideológica, falsos pressupostos e péssimos catequistas por este país fora.
Na prática, pecado é tudo o que me afasta de Deus. Logo, é impossível conceber uma verdadeira noção de pecado, sem conhecer minimamente Deus. E quando falo em conhecer, não estou a incluir o "ouvi falar tanto, que até parece que O conheço". O que se deduz destas premissas é que, ter uma concepção de pecado equívoca, significa um deficiente conhecimento de Deus. Se a minha afirmação inicial for verdadeira (que a grande maioria dos católicos têm uma ideia errada de Pecado Original), não consigo deixar de me questionar que católicos temos nós na Igreja afinal, que cá fazem e o que os mantém por cá?
Continuando a teorizar, a minha intuição diz-me que o pensamento comum entre os católicos é que o pecado é mau, logo, deve ser combatido, posto de lado e esquecido. É um bicho papão que nos empurra para o inferno.
Isto deixa-me profundamente pensativo quanto à vida que os meus irmãos católicos vivem. Sejamos objectivos: há alguém isento de erro? Claro, os que não têm noção do bem e do mal. Todos os outros, aqueles que conseguem apontar um defeito no sujeito A, no político B e no trabalhador C, por natureza, são pecadores.
Segundo ponto: dos pecados que tomamos consciência, de quantos não conseguimos fugir? E se não consigo fugir, o que é que adianta culpabilizar-me? Martirizar-me por algo a que não consigo fugir é burrice do católico. A santidade exige-nos a aceitação da diferença dos outros, das suas fraquezas e dos seus dias maus. Na mesma medida, temos que aceitar as nossas faltas. Resignarmo-nos? Não. Simplesmente aceitar que há coisas que ainda não conseguimos fazer ou deixar de fazer, e, como qualquer criança, manter o desejo de crescer, ser mais forte e chegar mais longe.
Quando deixo que o pensamento nas minhas falhas crónicas me afaste da alegria, estou a tornar esse erro maior do que ele é. É um facto que Cristo espera de mim a santidade, mas seria tolice pensar que Ele espera que o façamos de um dia para o outro.
Finalmente, como referi atrás, só é possível saber exactamente o que nos afasta de Deus, se soubermos onde Ele está. Isto não é nenhum ensinamento da Igreja, é uma constatação lógica a partir de "pecado é tudo o que resulta no afastamento de Deus". E não há duvida alguma que quanto melhor O vou conhecendo, mais vontade vou tendo de não me afastar e, ao mesmo tempo, me vou sentindo mais amado e me tornando no maior de todos os pecadores.