quarta-feira, 30 de junho de 2010

E se afinal Deus não existe?

Se esta pergunta não foi colocada pelo menos um milhão de vezes por cada crente, andará seguramente lá perto.
Do mesmo modo, tenho a certeza que cada ateu já se perguntou pelo menos 2 milhões de vezes ao longo da sua vida: e se afinal Deus existe?

Vou contar-te um segredo.
À luz da ciência moderna, o que te parece mais razoável, acreditar ou negar Deus?
Poderás por ventura pensar que face às grandes descobertas científicas, ao modo como o homem se conseguiu tornar o centro da suas próprias vidas e ao modo como consegue responder às suas dúvidas (pelo menos a grande parte delas) sem recorrer a milgres e a divindades, que será mais óbvio negar Deus do que acreditar.
Eis o segredo: é preciso muito mais fé para negar Deus do que para acreditar.
Repara, primeiro é preciso ignorar um aspecto intriseco ao homem, a necessidade de transcendência. A religião organizada é relativamente recente atentendo à idade da humanidade. Mas os relatos empíricos mostram-nos que sempre onde existiu um homem, existiu um culto à divindade, ao transcendente.
Segundo, é preciso ignorar a origem. Dito de outra forma é preciso ter uma fé irracional na ciência. Isto é, de acordo com o paradigma científico actual, sabe-se que o vácuo nada gera. A lei de Laviosier mantém-se actual: nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma. Do nada não pode surgir algo. Logo, para negar Deus é preciso negar a própria ciência, Pois, de onde veio toda a matéria? O que deu inicio ao bigbang? Para negar Deus seria necessário provar-se a autogenese, acreditar na autogenese, e para acreditar na autogenese é preciso negar a ciência. Logo, deduz-se que se não existe autogenese, é imperativo que exista um criador. E é obvio que não é possível acreditar num criador de matéria, sem admitir a sua transcendência, poder e inteligência.
Terceiro, é preciso ignorar as milhões de histórias pessoais de indivíduos que conhecem e conheceram Deus, já para não falar de actos milagrosos. Acreditar que existem e existiram biliões e biliões de pessoas que vivem e viveram enganadas (digo viveram enganadas, e não que tiveram conhecimentos errados, pois até hoje o nosso conhecimento é limitado. Qualquer historiador pode afirmar com toda a certeza que o nosso conhecimento se tornará em breve obsoleto). É preciso ignorar o poder da oração.

Portanto, reforço, é preciso mais fé para negar a existência de Deus do que para acreditar.
Mas este discurso é absolutamente infértil. Não passa de conversa, conversa intelectual e pouco acrescenta à minha vida. O mundo está cheio de pessoas que se renderam a esta evidência. Existe um criador, mas não acreditam na religião.
Não posso condená-los. Talvez apenas recriminá-los por nem sequer tentarem. Talvez apenas recriminar-me por não lhes conseguir mostrar como a minha vida é diferente, com muuuuuuito sabor, por ter fé.

Mas adiante. Passando as questões científicas.
E se Deus não existisse?
Para muitos a questão primordial seria não existir condenação eterna, não existir inferno. Se não há repercussões dos meus actos, desde que me vá conseguindo safar por cá...
Para outros seria não existir recompensa, não existir paraíso. Para quê esforçar-me para ser uma boa pessoa se depois não terei a vida eterna?
Para alguns seria não ter aquele amigo sempre presente. E quem é que ficará sempre comigo quando estou em baixo?
Para estes seria um alívio. Acabou-se o radicalismo, a crendice, a estupidez, a carneirada.
Para aqueles seria indiferente. Nunca fui muito ligado a essas coisas.
Para aqueloutros seria não existir respostas para as questões existenciais: quem sou eu, o que faço aqui, para onde vou.

E para mim?
Se Deus não existisse seria o fim do mundo, o inferno, o desespero.
Como é que posso ser tão trágico?
É simples.
Tenta imaginar um mundo sem amor.

É assim que seria um mundo sem Deus.